quinta-feira, agosto 16, 2007

Vini, vidi... fraquiti.

Bonito, bonito era falar de vinho e só falar de coisas de que se gosta. Era sinal de que se escolhiam bem os vinhos, ou então de que estávamos num país de eleição, de tradição vinícola, em que mesmo os vinhos menos bons eram bons.

Quando digo que dou um 16 a um Dom Rafael, é um 16 merecido. Não há 16 aos pontapés. Sou um gajo exigente, nenhum supra-sumo da batravinícola, mas quando gosto... gosto. E quando não gosto, digo mal.

Este maldizer muito português é um maldizer mais purinho do que o que por aí abunda. Eu digo mal porque gostava que se fizesse melhor. Não digo mal apenas para deitar abaixo. É que, essa sim, é a tradição portuguesinha. Não digo mal porque fazia melhor, apesar de achar que, se soubesse, fazia um vinho do caraças, mas porque gostava que tivesse sido melhor feito.

Estou falar como se o João Portugal Ramos me ouvisse, porque estas palavras são dirigidas ao fraquinho, fraquinho Loios 2006 tinto que por ali se produziu.

"Uneventful". Quando bebo vinho, para mim é sempre uma ocasião. Neste caso, beber vinho foi tudo menos uma ocasião. Eu explico, é simples: tanto podia ter estado a beber vinho como a beber água. Cá p'ra mim, aquele "Loios" foi um refresco. Tive o cuidado de o deixar à temperatura, ali perto dos 18, 19º.

Àquela temperatura é um vinho chato, flat, coisa sem personalidade, seja no nariz ou na língua. E como sou um gajo exigente, dou-lhe um 10 e só porque, apesar de tudo, não é desagradável. Resumindo: à temperatura... é refresco. Mais quente, só se sentem os 14º que lá estão engarrafados.

Como o vinho é um ser vivo, a melhor tradução que arranjo para estes "Loios 2006": é um panhonha. Passa-nos ao lado, e só se houver pior e não houver mais nada é que volto a bebê-lo. Naquela gama de preços, e por mais que não seja um fã do Dão, temos um "Quinta dos Grilos": mais barato, e muito superior a este Loiozito.

Como nota adicional, já que falei das monocastas do JP Ramos, o meu compincha dos AU presenteou-me com o "Aragonês" do dito. No início trambolhei ao achar que era tudo menos Alentejano. É um "tempranillo" que só se justifica porque é uma curiosidade. É um bom vinho, mas numa perspectiva de qualidade-preço só se justifica exactamente porque é um "freak", algo que se faz pouco por cá. Não tem muito de excepcional. Nem muito nem pouco, não tem nada, mas não compromete.

Dava-lhe um 14 porque, ao fim e ao cabo, é um vinho que encaixou bem na refeição em questão, mas posso ter que provar melhor antes de me decidir.

As notas aromáticas são de fruta madura, achocolatado, com especiaria. É um vinho "cheio", encorpado, denso, que não compromete mas que também não me dá vontade de telefonar a toda a gente a dizer que têm que o experimentar.

Curiosamente, já que falo em curiosidades, é o que se diz do Syrah do mesmo senhor e relativamente ao qual eu tenho alguma (curiosidade). Que ele não se desleixe, e que não faça vinho só por fazer. Qualquer dia, ainda lhe dá para fazer Monte Velho.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Sem vinho não caminho.

Uma lúcida recomendação a todos os incautos internautas que possam por aqui passar: Dom Rafael, tinto 2004.

Ali mesmo ao lado da Quinta do Carmo há uma herdade que faz uns vinhos de dar pontapés na alma: a Herdade do Mouchão e o seu supostamente menos nobre Dom Rafael.

Duma predominante Alicante Bouschet e das também tradicionais Aragonez, Trincadeira, Periquita e Moreto, nasce um Dom Rafael de cor forte, com frutos vermelhos relativamente maduros e um aroma onde identificámos (eu e o outro alcoólico unânime que aqui posta) algumas especiarias. Quais é que ele não soube, definitivamente, dizer.

Também sentimos o genuíno "pirolito" da sua acidez, porque é um vinho jovem e com ganas, o que justifica que, apesar de tudo, seja intenso e com um comprimento de língua mais que suficiente.

Curiosamente, o cepo do outro AU identificou a madeira, do carvalho em que estagia o Dom Rafael. Tudo indica que ele teve oportunidade de ler o rótulo enquanto eu estava a cozinhar. Ou então sentiu-se imbuído da inspiração que graceja os bons bebedores, especialmente quando já bem beberam.

Apesar de sermos ambos apreciadores de um bom Chaminé (nesta gama de preços, entenda-se), ficámos com a impressão unânime (alcoólica) de que o Dom Rafael lhe é superior.

Na nossa mui humilde opinião, diria que, de 0 a 20, é um sólido 16.

E já que falamos nisso, ao Chaminé eu daria um belíssimo 15. O Syrah que está tão na moda, ao fim e ao cabo, ainda se adaptou muitíssimo bem ao nosso Alentejo.

Já agora... com é que estará o Syrah do João Portugal Ramos?

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Ideia para uma série

"Perdidos!... de bêbados!".

Um grupo de indíviduos com questões e problemáticas relevantes sobre o seu passado, mas sempre encobertas e reveladas ocasionalmente, fica perdido numa ilha de areia na costa alentejana. Durante 15 minutos.

Como estão perdidamente embriagados e têm álcool à disposição de forma praticamente incessante (para os 15 minutos em questão), pensam estar perdidos. No fundo, estão apenas...

Perdidos... de bêbados.

A série consegue prolongar-se por várias épocas porque, ao fim e ao cabo, os produtores também estão perdidos de bêbados e, como todos sabemos e já experienciámos, um bêbado inspirado tem um poder de persuasão inquebrantável.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Somos os primeiros!


retirado do livro de Russell Ash, "The Top 10 of Everything"

Urge instigar o consumo de álcool no país! Não podemos perder mais esta para um país civilizado da Europa!

Os Alcoólicos Unânimes subscrevem qualquer medida que permita a Portugal, finalmente, ser o número 1 em qualquer coisa. E em especial neste ranking.

Luxemburgo como segundo país com o maior índice de consumo de bebidas alcoólicas no mundo inteiro? Só se for pelo contingente de emigrantes portugueses...

Por isso é que eu curto os Irlandeses



"I formed a new group called Alcoholics-Unanimous. If you don’t feel like a drink, you ring another member and he comes over to persuade you." *, Richard Harris (1933 - 2002)

* "Formei um grupo novo chamado Alcoólicos Unânimes. Se não te apetecer uma bebida, ligas a outro membro e ele vem ter contigo para te persuadir"

«Nos anos 80, Harris era um dos actores principais numa peça em cena no London Palladium. Passava grande parte do dia a beber no Soho, no entanto. Numa das tardes de deboche meteu conversa com uma louraça. Harris explicou-lhe que entrava numa peça e que ela tinha que ir assistir ao espectáculo. Arranjou, então, maneira de um amigo ir até ao teatro e trazer-lhe dois bilhetes.

Umas horas valentes depois, Harris e a loura estavam bem "embisnagados". Ele meteu a mão ao bolso, achou os bilhetes e decidiu levar a louraça ao teatro. Dirigem-se ao lugar marcado, e sentam-se. 10 minutos depois do início da peça, Harris levanta-se e grita "Ora, foda-se! Eu entro nisto!" e sai a correr para o camarim para trocar de roupa».

segunda-feira, setembro 11, 2006

Pr'ó Natal de presente eu quero que seja...



Descrição roubada escandalosamente de um site qualquer:

"Pop the cork off any gathering with WINEOPOLY! Players buy favorite wines, collect bunches of grapes and trade them in for decanters. Sounds easy enough but add Import Taxes and serving faux pas and it becomes a little more difficult and a lot more fun! Learn while you play! Each deed back contains wine descriptors and fun facts about each wine. It's all fun and games until you're sent to the Wine Cellar to age-then you're out of the game for three turns. So choose your token (wine bottle, cork, wine glass, cheese, grapes, or a carafe) and advance to CHEERS! Who knows? You may be elected president of the wine club or you may be penalized for serving obtrusively malodorous cheese!"

Já consigo imaginar, as horas de deleite, os castigos, as recompensas, acordar todo nu no chão frio de uma tasca com "Rosita" tatuado na peida... Enfim... Horas e horas de diversão! 

sexta-feira, setembro 01, 2006

Grafia dos Conhaques


Escrever "conhaque" em vez de cognac - dei-me conta hoje - é tão ridículo como escrever "uísque" em vez de whisky.

terça-feira, agosto 30, 2005

The Terrorist Ham - The Abel Blowpipe Connection


El Presunto Terrorista - A comprehensive translation.
The terrible story of the ham that, after having been rejected by a cup of red wine (of Portuguese origin), decides to leave its mark by sponsoring terrorist events throughout the remotest villages of our deep, deep Portugal.

Known only as "LaPata Negra", his true identity has never been disclosed, nor the piglet's leg from which it originated. His aversion to Portuguese red wine is well documented by the scandalous remarks it sends to Portuguese tabloids wherein he states that he can find better and cheaper foreign red wines in any given supermarket of our most noble nation of such excellent winemaking ability.

"LaPata Negra" who, as a little ham, wanted to be a "chorizo", still keeps its aspiration to end up sliced in a green broth, as a sign of protest. One never knows where it can launch its cruel attacks, or which will be its next target. Nobody in their right mind accompanies ham with Portuguese red wine in our fine taverns since Abel Blowpipe (nickname due to his profession) once almost choked on a slice of the tidbit of (most*) Portuguese people's delight.

* Vegetarians not included.

segunda-feira, agosto 29, 2005

El Presunto Terrorista


A terrível história de um presunto que, após ter sido rejeitado por um copo de vinho tinto (de origem nacional), decide deixar a sua marca patrocinando eventos terroristas pelas localidades mais remotas do Portugal profundo.

Conhecido apenas por "LaPata Negra", nunca se descobriu a sua verdadeira identidade, ou a perna de porquinho de onde seria oriundo. Sabe-se da sua aversão ao vinho tinto nacional pelas declarações escandalosas que envia aos tablóides portugueses onde diz que consegue arranjar melhor vinho tinto estrangeiro a preços mais baixos em qualquer hipermercado da nossa nobre nação de altíssima vocação vinícola.

"LaPata Negra" que, em pequeno, queria ser chouriço, mantém ainda a aspiração de acabar cortado às rodelas num qualquer caldo verde, como sinal de protesto. Nunca se sabe onde pode atacar, ou qual será o seu próximo alvo. Ninguém no seu perfeito juízo acompanha o presunto com vinho tinto nas tascas do nosso país desde que Abel Maçarico (alcunha devida à sua profissão de bate-chapeiro) se engasgou e quase sufocou com uma fatia do petisco por cá tão apreciado.